Elogio não serve para nada se não existe justiça. As rosas estão só sendo usadas em coroas fúnebres nos feminicídios, um pior que o outro, um mais cruel do que o outro.
Todos os dias é um dia a menos para milhares de mulheres no país.
Ela ainda é vista como posse de alguém, como escrava do amor, como vitrine de ostentação, como carne e usura.
O que aconteceu em Franco da Rocha (São Paulo), com a universitária Isabela Miranda de Oliveira, de 19 anos, é o retrato na lápide da selvageria machista.
Ela, dormindo, insconsciente porque se passou na bebida com os amigos em brincadeira no churrasco, foi estuprada pelo cunhado enquanto dormia (até se reestabelecer) em um dos quartos.
O namorado, em vez de entender a cena, em vez de socorrê-la, em vez de defendê-la do agressor, em vez de partir para cima do cunhado, começou a espancar Isabela, como se ele tivesse culpa de ser violentada. Não bastando: ateou fogo no banheiro e no colchão e a queimou viva.
Isabela foi covardemente assassinada, sem o direito de se defender, unicamente porque era mulher. Julgada, condenada e executada na hora por uma questão de gênero. Não me diga que há igualdade. Não teríamos um novo óbito se fosse um homem.
Fonte:Fabrício Carpinejar