Somos uma geração encantada por sonhos desencantados. Buscamos fervorosamente os caminhos escolhidos em momentos remotos onde não tínhamos discernimento ou maturidade suficientes para optar por uma atividade realmente viável.
Sem planejamento futuro, não antecipamos as possíveis distorções do mercado, muito menos, os acontecimentos imprevistos da vida privada.
No instante em que somos pegos de surpresa, a falta de um plano B nos coloca em posição vulnerável, e como num clichê de mau gosto, percebemos de um jeito brusco que só os fortes sobrevivem.
Muitos insistem no plano A por anos a fio e se tornam pessoas tristes e pesadas por consecutivos fracassos que se transformam em uma frustração crônica. A humilhação intima de se dedicar ao plano B, impossibilita o provável sucesso que se coloca a disposição e que nos espera de braços abertos.
Passamos por uma década decisiva onde aqueles que se reinventarem serão bem sucedidos e os que insistirem, e permanecerem presos aos objetivos ultrapassados serão engolidos por um sistema ambicioso, devastador, sanguessuga, que te transforma em um polvo multifuncional e te oferece o mesmo salário de humor irascível, sem correções monetárias.
Conhecemos as opções que temos, sabemos de uma forma distorcida da realidade ao nosso redor, escolhemos inconscientemente alguns e racionalmente outros, analisamos o que queremos e investimos operacionalmente, ou inconscientemente nessas escolhas, mas quando as coisas parecem difíceis, quando elas não dão certo mesmo depois de muito esforço, sentimos a força da necessidade de sermos livres.
Literalmente, vem aquela vontade de sumir, de sair pelo mundo desembestado com uma mochila nas costas, na tentativa de esquecer tudo. Mas já pararam pra pensar o porquê essa vontade vem? O nosso inconsciente, (se manifestem psicólogos porque sou apenas uma jornalista abusada), nos força a parar e olhar para dentro, e só conseguimos isso no silêncio, na ausência, na verdade, nesse momento precisamos escutar aquela voz, que muitos chamam de Deus, outros chamam de alma, e os mais céticos nomeiam apenas de “nós mesmos”.
Para quem sabe aproveitar esse despertar de liberdade é quando o plano B, o C, o D e o F aparecem como soluções. Para quem não consegue enxergar, a negatividade se instala e as coisas desandam de vez.
Não nos enganemos, o ser humano tem a liberdade limitada, isso é um fato, sempre teremos que respeitar o direito do outro em recusar ou em ser contra as nossas vontades e só isso já é um limite imposto a nossa fantástica ideia de liberdade.
Esse assunto me fez lembrar dos pensamentos de Jean-Paul Sartre quando disse que o homem não é a soma do que tem, mas sim a totalidade do que ainda não tem, do que poderia ter, ou ideias do tipo, “o homem deve ser inventado a cada dia”, ou até, “és livre, escolhe, ou seja: inventa”.
Mesmo quando as coisas não andam como você gostaria que estivessem andando, nunca se isole! Parceria e conectividade são indispensáveis para viver melhor!
E quando nos sentimos inúteis, aquele parceiro nos mostra que temos algo essencial e que ele não conseguiria realizar sem a nossa parceria.