O atleta Jakson Follmann, que era goleiro da Chapecoense até o acidente que matou 71 pessoas há quase um ano, viveu nos últimos meses, provavelmente, a fase mais intensa do seu Campeonato da Vida. Foram grandes vitórias, como o encontro com o Papa Francisco e o casamento que emocionou o mundo no mês passado, e grandes provações, como a amputação da perna direita, a reabilitação após a implantação de uma prótese e, é claro, o trauma de perder de modo tão brutal dezenas de companheiros.
Follmann encarou de frente o desafio de retomar a vida pessoal e familiar depois de uma experiência de impacto imensurável, e, nesse desafio, vêm incluídos os muitos dilemas ligados à construção de uma nova carreira.
O ex-goleiro tem falado, em diferentes entrevistas, sobre a vontade de se redescobrir como atleta. A amputação da perna direita e algumas sequelas que fragilizaram o tornozelo esquerdo pedem uma alternativa de menor impacto. O que surge no horizonte é a natação.
Follmann diz que não consegue se ver como “ex-atleta”, mas, ao mesmo tempo, observa que é cedo para pensar na paralimpíada, já que sofreu 13 fraturas e fez cirurgias no tornozelo há pouco mais de 6 meses. “Preciso respeitar o meu corpo“, reconhece.
Alguns dias atrás, Follmann treinou com bola pela primeira vez após o acidente, o que foi um marco inspirador em seu processo de recuperação. Ao site GloboEsporte.com, ele declarou:
“Preciso me redescobrir dentro do esporte. Tenho uma complicação no tornozelo esquerdo, perdi 80% dos movimentos. Não posso ter muito impacto. Tenho uma haste de 26 centímetros, perdi osso, tenho quatro parafusos e enxertei pele. Era para ter amputado. Por incrível que pareça, a prótese ajuda meu tornozelo”.
Com simplicidade e naturalidade, Jakson Follmann testemunha que é sempre possível transformar uma tragédia em recomeço.
No final deste mês, o acidente que comoveu o mundo inteiro completa um ano. Peçamos a Deus que continue dando força e coragem aos sobreviventes, amparando e consolando as famílias de todos aqueles que faleceram e inspirando em todos nós a fraternidade, a solidariedade e o amor pela vida que, em meio a tanta dor, conseguiu mostrar que pode ser mais forte do que a morte.