Psicologia e Comportamento

A diferença entre a verdadeira e a falsa humildade

A humildade é vista por muitos como uma virtude de valor questionável, porque muitas vezes é mal interpretada como humilhação.

A humildade incompreendida pode ser absolutamente perigosa quando entendida de uma maneira contrária ao seu significado original na espiritualidade bíblica e na tradição judaico-cristã.

As pessoas com baixa autoestima geralmente interpretam a humildade como uma forma de agressão e desdém para consigo mesmo. Pode até ser uma forma de hipocrisia, ou uma desculpa para a preguiça, quando nos subestimamos intencionalmente. Evitamos a dificuldade de alcançar nosso potencial total, negando que somos capazes disso.

Que a humildade não é

A humildade não deve ser confundida com baixa autoestima, timidez, sentimentos de inferioridade ou autodegradação. Embora ser humilde exija reconhecer nossas próprias dificuldades, limitações e limites, isso não significa fazer uma demonstração deles.

Humildade significa viver na verdade, aceitando que não somos perfeitos. A humildade não tem a ver com nos colocarmos para baixo, mas com realismo.

Muitas pessoas pensam que são humildes, quando, na realidade, estão constantemente reclamando e falando sobre quão desafortunadas são, concentrando-se inteiramente em si mesmas, o que é uma forma oculta de orgulho.

A verdadeira humildade não significa olhar constantemente para a nossa própria pequenez e comparar-nos aos outros. Fazer essas comparações significa constantemente nos voltarmos para nós mesmos e apenas ver os outros como uma ameaça.

Pessoas humildes não precisam sentir que são melhores que as outras. Ao mesmo tempo, nem sempre cedem ao que os outros querem, nem se deixam oprimir; elas simplesmente têm uma perspectiva ampla e profunda da realidade, na qual elas veem seu próprio lugar sem ter que debater quem está melhor ou pior.

A humildade não é uma virtude a ser conquistada para alcançar a autoperfeição, o que na verdade leva ao orgulho; em vez disso, trata-se de reconhecer a verdade sobre você e estar em paz com ela.

A frase comum “em minha humilde opinião” não é nada além de orgulho disfarçado. Quando a humildade se torna explícita, não é mais humildade.

Quando alguém diz: “Eu sou apenas uma pessoa humilde”, ele não está sendo humilde. A humildade não se anuncia; é praticada em silêncio.

Se alguém é humilde, outras pessoas podem dizer, mas ninguém pode se rotular como “uma pessoa humilde”. É por isso que as pessoas humildes geralmente não se destacam; elas não buscam publicidade – especialmente para não se promoverem como “humildes”.

Humildade é autenticidade

A psicologia contemporânea usa o termo “autenticidade” mais que a humildade. Significa viver a verdade sobre si mesmo, ser honesto consigo mesmo e com os outros.

A humildade é um sinal de maturidade psicológica e espiritual e de liberdade interior. Em vez de uma série de comportamentos que devemos adotar, a humildade é um modo de ser e de se relacionar com os outros. É caracterizada pela maneira como uma pessoa se aceita e se valoriza.

Na tradição cristã, a humildade é centralizar nossas vidas em Deus e não em nós mesmos. Significa aceitar que não somos o centro do universo e que o mundo não gira em torno de nós.

A humildade era entendida pelos antigos mestres da espiritualidade cristã como um valoroso autoconhecimento que nos torna mais humanos e mais conscientes de nossa própria pequenez e limitações, sem pretender ser algo que não somos. De fato, Santo Agostinho diz que “toda humildade consiste em conhecer a si mesmo”.

No entanto, humildade não é resignação. São João Crisóstomo descreveu a humildade como “a mãe de todas as virtudes”, como fundamento e raiz, porque só podemos forjar a virtude se primeiro reconhecermos e aceitarmos em que áreas somos fracos e precisamos crescer.

As pessoas humildes querem melhorar a si mesmas e podem fazer isso porque não mentem para si mesmas ou para os outros; elas vivem na verdade. Elas não são orgulhosas, porque reconhecem seus defeitos de boa vontade; elas não são pessimistas, porque acreditam que podem mudar em resposta ao chamado de Deus à santidade e com a ajuda de Sua graça. Não ter medo de ver e reconhecer nossos erros nos torna capazes de crescer e amadurecer.

Ao mesmo tempo, pessoas verdadeiramente humildes se regozijam no bem de outras pessoas e na grandeza que as cerca. Elas estão completamente livres de complexos de inferioridade e da necessidade de se comparar com os outros. Pessoas humildes são livres; elas não têm uma necessidade urgente de elogios, reconhecimento ou aplausos por suas virtudes, porque sabem quem são e que valem a pena.

A verdadeira humildade, portanto, é uma fonte de confiança, coragem e liberdade. Pessoas humildes não vão implorar por reconhecimento e não desanimam quando não entendem, porque a felicidade delas não depende da opinião de outras pessoas.

Em contraste, as pessoas orgulhosas são muito sensíveis às críticas e são facilmente feridas e desencorajadas. Chesterton considerava o humor como o fundamento natural da humildade, porque aqueles que podem rir de si mesmos estão livres de todo orgulho.

Pessoas humildes têm um bom efeito sobre as pessoas ao seu redor

Ser verdadeiramente humilde e viver autenticamente faz com que outras pessoas se sintam confortáveis. Elas sabem que não precisam andar em cascas de ovos porque as pessoas humildes nem sempre são defensivas ou tentam se impor aos outros.

Pessoas humildes sabem reconhecer quando estão erradas, pedir perdão, procurar ajuda e reconhecer publicamente seus próprios erros. Elas são fáceis de lidar porque não sentem a necessidade de impor sua opinião ou estarem certas o tempo todo.

Elas não têm medo de críticas, porque não precisam proteger uma imagem falsa de si mesmas. Pessoas humildes são gratas, capazes de reconhecer a generosidade de outras pessoas, e são empáticas, sabendo como ser compassivas com as deficiências de outras pessoas.

Em suma, longe de nos tornar pessoas negativas e improdutivas que se denigrem e nunca percebem o seu potencial, a verdadeira humildade nos torna mais humanos, livres, maduros, compassivos e gratos.

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Fonte:Aleteia

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