Autor: Albani Borges dos Reis
O que vem a ser essa tendência, Hardballing, de que as pessoas têm falado? A Dra. Danielle H. Admoni, Psiquiatra com CRM 101404-SP define, e comenta a respeito do tema, suas tendências e implicações nos relacionamentos.
Hardballing, é um termo da atualidade, muito usado pela geração Z, em que configura uma forma de se relacionar priorizando a objetividade. É a tendência de “não perder tempo” em que as pessoas preferem ir direto ao ponto em questão, deixando de lado as explicações, as dúvidas e as enrolações. Em tradução direta, o termo significa “jogar pesado”, e o objetivo é favorecer a sinceridade, falando com claras intenções e expectativas, mesmo antes de um primeiro encontro. No caso de relacionamentos pessoais.
Nesses relacionamentos, a pessoa coloca claramente suas intenções, enquanto espera sinceridade e objetividade, sem perda de tempo da outra parte. Dessa maneira, se as intenções não se coadunam, nem mesmo há um segundo encontro.
Em relacionamentos tradicionais, as coisas vão sendo colocadas aos poucos, e com elas as discussões, e os acertos quando possível. Até mesmo primam por algum tipo de tolerância e resignação. Para os que optam pelo Hardballing as coisas não funcionam assim. Optam pela objetividade, muitas vezes, vista como frieza e falta de emotividade. São muitas vezes inflexíveis, resumindo em “eu quero assim. Você quer o mesmo? Se não, é assunto encerrado”.
Existem vantagens neste tipo de proposta.
A tendência do Hardballing pode soar como frieza, insensibilidade, racionalidade excessiva, mas a principal vantagem é evitar frustrações, decepções e perda de tempo. A psiquiatra Dra. Danielle, explica que há muitos relacionamentos com focos diferentes, com falta de alinhamentos e terminam com grandes frustrações e decepções. São questões diversas que o casal não consegue resolver e superar. Perdem muito tempo tentando equacionar uma situação sem contudo chegar a um denominador comum.
Por outro lado, uma grande desvantagem, é que as pessoas deixam de se relacionar sentimentalmente, e neste envolvimento acabam por adquirir experiências comuns, que podem fazer muito bem. “Muita coisa se perde ao estabelecer parâmetros muito objetivos. É como se fosse um ponto final colocado em uma situação que poderia acontecer de outra maneira”. Diz a especialista.
Não é bom aconselhar esta ou aquela atitude, mas vale lembar que na devida proporção, uma dose de Hardballing ajuda na tomada de decisões importantes, na objetividade e organização de certos processos sociais, em que um problema muitas vezes se dilata no tempo, a ponto de haver prejuízos para ambas as partes.
“Um conselho para quem deseja aderir ao hardballing é pensar na possibilidade de vivência, de frustração, de mudanças e de crescimento pessoal a partir das experiências, já que nessa modalidade isso acaba ficando de fora. Enquanto muitas pessoas possuem um objetivo mais concreto, outras nem sabem exatamente o que procuram e relacionamentos nem sempre são tão objetivos, principalmente quando se fala de afeto”, aconselha Danielle.