Os amores na idade madura são selecionados pela experiência vivida e pela serenidade do coração.
Estamos falando de almas outonais que estão no crepúsculo de uma etapa da vida onde entendem o amor, não mais como uma conquista ou uma invasão, mas como uma conexão baseada na alegria, na ternura e na cumplicidade. Geralmente, são relacionamentos honestos que dão lugar a uma etapa maravilhosa da vida.
Às vezes dizem que o amor verdadeiro nos aguarda na maturidade. No entanto, isto não é inteiramente verdade. Muitas vezes caímos no erro de querer fazer comparações contínuas sobre todas as nossas experiências de vida, quando a realidade é um pouco mais simples.
Existir é saber apreciar tudo o que acontece em cada etapa da nossa vida, agradecer a cada experiência da juventude, com seus acertos e erros, e aproveitar cada presente que a maturidade nos oferece.
“O amor maduro significa união à condição de preservar: preservar a própria integridade e também a individualidade do outro”
– Erich Fromm –
Cada ciclo da vida nos permite receber tudo que chega até nós de uma maneira muito particular. Quando somos jovens, dificilmente colocamos algum filtro e abraçamos com imenso desejo e energia infinita tudo o que encontramos no nosso caminho. Somos como as tempestades de verão. Mais tarde, nos tornamos mais seletivos, mais cautelosos. Ainda existe em nós o perfume desses tempos intensos, mas agora preferimos as brisas mais mornas, aquelas que lembram a calma, as tardes luminosas e as praias tranquilas.
Os amores da idade madura não perdem a jovialidade ou a inocência, mas já não querem cair em erros antigos. Eles sabem muito bem que os casais não são “metades da laranja”, mas sim “laranjas e maçãs”, pessoas que tiveram as suas próprias experiências e que são muito diferentes. Almas com a sua própria individualidade que desejam se dar uma nova oportunidade para amar
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Alberto e Maitê têm mais de 60 anos e hoje decidiram dar um grande passo: viver juntos. É claro que não faltam críticas de alguns dos seus filhos: certamente é um simples interesse financeiro, disse um deles. Estão procurando acabar com a solidão, dizem outros. É um capricho, certamente em alguns meses eles retornam às suas coisas, seus livros, suas viagens, seus netos…
No entanto, nem Alberto e nem Maitê se preocupam com todas essas críticas e opiniões. Eles já não se importam com as opiniões alheias. As rugas e as cicatrizes, embora manchem um pouco a pele, fortalecem o coração e a vontade. Não são mais crianças, a maturidade não confere ingenuidade, mas muita sabedoria. Além disso, as suas mochilas emocionais guardam inúmeras experiências para não fazer dessa decisão uma simples explosão, um mero capricho.
Esse amor de outono, muito além do que pensam os seus filhos e todos aqueles olhares que observam, mas não veem, não conhece o egoísmo e não precisa provar nada para os outros. Porque neles nada é artificial, os seus pensamentos, os seus propósitos e as suas carícias são tão sinceras que é a luz da verdade que os ilumina, é um sentimento tão completo que preenche suas cabeças, as suas mãos e o coração.
Por outro lado, há um fato que certamente o nosso casal protagonista já conhece. Uma grande parte da população mais jovem associa a maturidade ou essa etapa outonal do nosso ciclo de vida com passividade e resignação. É como se o amor ou a paixão tivessem um prazo de validade, como se fosse um território proibido para quem tem os cabelos grisalhos, para quem deixa para trás mais vida do que tem pela frente.
“O amor jovem vive do entusiasmo, o maduro da harmonia”.
Se há algo que a psicologia positiva está nos ensinando é que a curva de felicidade atinge seu pico mais elevado nesta fase: um momento em que o amor é vivido de uma forma muito mais clara e limpa.
O amor na idade madura confere uma tranquilidade mais do que satisfatória para a pessoa. Não é um fogo que queima a pele, mas um rio que nos leva a uma jornada de descobertas como casal, para continuar crescendo, experimentando e alimentando um novo tipo de felicidade. Porque além do que os céticos podem acreditar, é nesta fase que, em média, experimentamos um maior bem-estar psicológico.
Os economistas Blanchflower e Oswald realizaram um estudo interessante onde concluíram que, na realidade, a percepção de bem-estar e satisfação pessoal é mais intensa na infância e na idade madura. A felicidade representada ao longo de nosso ciclo de vida teria uma forma de “U”, atingindo um primeiro pico na infância e um segundo chegando aos cinquenta anos.
É claro que o passar dos anos nem sempre é sinônimo de maturidade psicológica. O equilíbrio emocional não é algo normativo, mas uma boa parte da população que entra no outono da sua vida o faz com uma integridade excepcional e uma atitude maravilhosa.
São pessoas que não se limitaram a acumular anos, mas que alimentaram o desejo e os sonhos. São homens e mulheres que conquistaram a si mesmos, que têm carisma e uma alquimia onde combinam sabedoria com esperança, serenidade com paixão e desejo com humildade.
Os amores na idade madura podem não ser tão efusivos como o primeiro amor da adolescência, mas certamente serão muito mais gratificantes e bem-sucedidos.
Fonte: A mente e maravilhosa
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