por Pamela Camocardi
A frase é do livro “Dom Casmurro” de Machado de Assis. Livro que você, provavelmente, já leu e que conhece bem o enredo, as personagens e questionamentos que o autor levanta a respeito dos sentimentos humanos. Já o título é autoexplicativo mas, mesmo assim, precisamos conversar sobre ele.
Desde crianças nos ensinaram que “na hora certa tudo acontece…” e, comprovadamente, acontece mesmo! Todos nós conhecemos histórias de amor que mais parecem um conto de fadas do que um encontro casual e é isso que faz o sentimento algo tão nobre.
O grande problema que envolve as grandes decepções amorosas, é a péssima mania que temos de “ajudar” o destino. Somos impacientes, imediatistas. Queremos tudo para ontem e não sabemos esperar. Porém, o amor exige calmaria, paz e tempo para acontecer e, assim como a borboleta só sai do casulo quando está pronta para voar, o amor só aparece quando estamos maduros para merecê-lo.
Não é fácil esperar, nunca foi. Amor exige tempo e eu sei o peso dessa palavra para quem já está cansado de sofrer. É difícil entender que o tempo que habita em nós não é o mesmo das coisas. Demoramos para compreender que a vida segue o próprio roteiro e tentamos, a todo custo, tomar as rédeas da própria vida. Em partes, isso é possível. Em partes, não! Nos momentos solitários é preciso entender que a solidão que nos machuca é a mesma que nos impulsiona ao autoconhecimento.
Tudo, absolutamente tudo, acontece como deve acontecer e de uma forma que não sabemos. Dessa surpresa é feita a vida. Do inesperado. Das possibilidades que cada dia oferece, sem que possamos ver ou interferir. Machado de Assis dizia que “O esperado nos mantém fortes, firmes e em pé. O inesperado nos torna frágeis e propõe recomeços”.
Não existe essa de “pessoa certa na hora errada”. Inventamos isso para justificar nossas escolhas erradas e para tentar convencer a própria consciência de que a culpa não é nossa, é da vida. O que existe é a pessoa certa, na hora certa e no local certo.
João Guimarães Rosa, no conto “O espelho”, do livro ‘Primeiras estórias’, afirmava que “quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo” e acredito que, em nossa vida sentimental, seja bem assim. Não sabemos se vamos conhecer o amor das nossas vidas na fila do pão, na porta da nossa casa ou no casamento da amiga, mas sabemos que, um dia, ele acontecerá.
Por hoje, simplesmente, pare de procurar pelo amor. Isso mesmo, pare! Pare de colocar, em cada beijo, as expectativas de um amor eterno. Pare de implorar atenção de quem nunca quis você. Pare de ligar. Pare de achar que sua felicidade está nas mãos do outro.
O amor da sua vida não está em toda esquina, no fundo de um copo de bebida, nem em uma pista de dança. O amor da sua vida irá chegar de repente, quando você estiver distraído e quando já tiver dito, milhões de vezes, que “não acredita mais no amor”.
Tranquilize-se e deixe o amor te encontrar. O que está destinado a você, a vida se encarrega de trazer.
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