De acordo com uma informação recente da OCDE, os professores das escolas portuguesas, assim como os diretores ganham, em média, mais do que outros trabalhadores com formação superior, uma tendência que contraria a maioria dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
Ora, no entendimento de Joaquim Jorge, este relatório “prestou um mau serviço à educação portuguesa”. Em causa está, como alega, “os portugueses que, por sistema, são invejosos e só pensam na sua vida e no seu emprego. Têm muita dificuldade em colocar-se no lugar dos outros”. E têm “hábito gratuito: dizer mal dos outros”. O relator diz ainda: “Gostaria de saber o que pensam muitos portugueses se perdessem mais de nove anos de serviço e que não tivesse efeitos para progredirem na sua vida profissional”.
Na ótica do fundador do Clube dos Pensadores, “o Governo e os portugueses têm, tem que decidir de uma vez por todas, se querem uma escola pública de qualidade. Se querem ter professores bem pagos e satisfeitos com a sua profissão. Se não querem, no futuro não terão professores portugueses, eles virão dos países lusófonos. No futuro ninguém quer ser professor: mal visto, mal pago, maltratado”, defende num texto enviado à redação do Notícias ao Minuto.
O biólogo advoga que “não podemos continuar dividindo os portugueses que trabalham na iniciativa privada e no pública. Há muitas pessoas que trabalham na iniciativa privada e que afirmam, de uma forma espúria, que são elas que pagam os salários dos professores! Pura ignorância, os professores pagam tanto ou mais impostos que uma pessoa da iniciativa privada”.
Os dados da OCDE, continua o relator, “são erróneos e não entendo onde os foram buscar”. Aliás, “era bom um professor no topo de carreira com mais de 40 anos de serviço ganhando 56.401 euros brutos. Pelas minhas contas aufere brutos 47.096 euros, uma diferença de quase 10.000 euros”. Já um professor no início de carreira “aufere 21.420 euros brutos anuais, e não, 28.349 euros”.
Este relatório “saiu na hora exata para, mais uma vez denegrir, e manipular a opinião pública contra os professores. Veio na altura certa e colocá-lo a favor do Governo, neste braço-de-ferro. Até parece que foi encomendado pelo Governo!”, atira.
Joaquim Jorge gostava que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico “tornasse público um relatório sobre os salários dos políticos portugueses e as respetivas benesses: carros, cartões de crédito, viagens, etc., em comparação com os políticos de outros países.
O relator gostaria ainda que a “OCDE tornasse público um relatório sobre os salários dos bancários e as suas benesses, comparando com os bancários de outros países.” E ainda “dos médicos”.
O que explica em grande medida, acrescenta, “enquanto atitude mental o nosso atraso secular, é a inveja, o ressentimento e o queixume como fatores que obstruem o progresso. Eu acrescento outro: comparar o incomparável”.
Aliás, termina Joaquim Jorge, “a idiossincrasia da profissão docente não se compagina em comparações, lida com seres humanos diversos, é peculiar, e não é algo que tenha que dar lucro e se resuma a despesa. Uma sociedade que não investe na educação dos seus filhos não tem futuro”.
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