O impacto da ansiedade no cérebro é enorme. O cortisol, a adrenalina e a noradrenalina nos deixam alertas e na defensiva. Dessa forma, a nossa mente se transforma em um terreno fértil para pensamentos irracionais, para o medo que devora e paralisa, para aquelas emoções que, como um anoitecer gelado, sem lua ou estrelas, obscurecem completamente a nossa realidade. A verdade é que poucos estados psicológicos podem se tornar tão intensos quanto a ansiedade.
Os estudos demográficos mostram que muitas pessoas convivem com a ansiedade crônica. São incapazes de perceber que existe outra maneira de sentir e processar a realidade, deixam-se levar por esse “cavalo de batalha” sem saber como reagir. Por outro lado, alguns experimentam o que é conhecido como ansiedade situacional.
Falar em público, enfrentar uma entrevista de emprego, uma prova ou mesmo se relacionar com os outros, são exemplos de momentos em que a bandeira vermelha do perigo que tanto nos limita é içada.
Todos nós já sentimos ansiedade. Essa resposta humana tão natural, que em doses corretas pode atuar como um condutor valioso para impulsionar os nossos propósitos, muitas vezes foge do nosso controle. Ela toma conta da nossa vida sem que percebamos. E quando isso acontece, tudo fica distorcido e sem forma, como em uma pintura de Kandisky.
Para entender melhor o impacto da ansiedade no cérebro, precisamos saber diferenciá-la do estresse. Por exemplo, o estresse corresponde a um processo de ativação fisiológica que surge como resultado de múltiplos fatores externos. Ou seja, há sempre um elemento que o desencadeia no momento presente. A pressão no trabalho, um excesso de tarefas, problemas familiares, etc. O estresse surge quando estamos conscientes de que “nos faltam recursos” para enfrentar todos esses estímulos.
A ansiedade é algo mais complexo do que o estresse. Embora seja verdade que muitas vezes possa surgir como um efeito do próprio estresse, podemos dizer que muitas vezes experimentamos essa emoção sem saber por quê. É algo interno, algo que surge de vez em quando, em diferentes momentos e situações. Estamos diante de uma resposta fisiológica que nos prepara para escapar ou lutar contra uma ameaça (real ou não).
Tudo isso torna a ansiedade intrinsecamente diferente do estresse e, por sua vez, muito mais difícil de lidar por causa da maneira como é estruturada no nosso cérebro.
A amígdala é uma pequena estrutura localizada na parte mais profunda do nosso cérebro. É ela quem processa e interpreta todos os sinais sensoriais que vêm do nosso ambiente. Ela também alerta o cérebro de que existe uma ameaça, um perigo do qual devemos nos defender. É aquele sensor instintivo (e às vezes até irracional) que nos faz reagir diante de medos comuns como aranhas, escuridão, altura…
O hipocampo é a parte do cérebro ligada à nossa memória emocional. Se o impacto da ansiedade sobre cérebro for intenso e sustentado por um longo tempo, essa estrutura será uma das que mais sofrerá. O seu tamanho é reduzido e sofreremos sérios efeitos associados a essa alteração. Dessa forma, perdas de memória, problemas de concentração ou mesmo estresse pós-traumático são muito frequentes. Esse efeito é comum em crianças que sofreram abusos, o peso devastador do medo permanente, da angústia, da sensação contínua de perigo…
Por outro lado, há alguns meses, uma descoberta tão interessante quanto esperançosa foi publicada na revista “Neuron“: verificou-se que as células responsáveis pela ansiedade estão localizadas exatamente no hipocampo. A partir dessa constatação, os especialistas esperam desenvolver medicamentos mais precisos para regular a sua atividade.
A inquietação, a sensação de alarme, a tensão nos músculos e a taquicardia são o resultado da ação de alguns neurotransmissores muito específicos. O impacto da ansiedade sobre o nosso cérebro se deve à combinação infalível (e assustadora) de cortisol, noradrenalina e adrenalina.
Assim, enquanto a amígdala se encarrega de identificar o perigo, esses neurotransmissores nos levam a reagir. O cérebro quer que a pessoa se defenda, fuja e reaja… E algo assim é alcançado trazendo mais sangue para os músculos, acelerando o coração, levando mais ar para os pulmões…
Esse estado de alarme pode nos ajudar em um momento específico, desde que a ameaça “seja real”. No entanto, quando isso não acontece e a ativação fisiológica é constante, surgem os problemas: má digestão, dores de cabeça, hipertensão, risco de AVC…
Como dissemos no início, a ansiedade é uma resposta fisiológica. Não adianta dizer algo como “acalme-se, tudo vai dar certo”. Se o nosso cérebro acredita que existe um perigo, o nosso raciocínio é de pouca utilidade. Portanto, é aconselhável começar com o fisiológico, o orgânico, o corporal.
Finalmente, não hesite em consultar um profissional caso o seu estado de ansiedade fique incontrolável. Ninguém merece viver com medo, ninguém deveria viver permanentemente na prisão da ansiedade crônica que ofusca tudo.
Fonte:A Mente e Maravilhosa
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