Por: Karen Young
O tratamento do silêncio é um método de punição psicológica, que consiste em ignorar e excluir alguém durante um período de tempo.
É uma forma passivo-agressiva de manipulação que transmite desprezo, sempre com o intuito de controle.
Uma pesquisa feita mostrou que o ato de ignorar ou excluir, ativa a mesma área do cérebro que é responsável pela dor física.
O tratamento do silêncio pode parecer uma resposta mais a adequada ao que chamamos de “sair por cima”, com honra e dignidade, mas essa pesquisa mostrou que essa atitude é muito prejudicial tanto física como emocionalmente.
Kipling Williams , professor de psicologia na Purdue University, que estudou o ostracismo por vinte anos, explica: “Excluir e ignorar as pessoas, como virar-lhes as costas ou tratamento do silêncio, é usado para punir ou manipular, e as pessoas podem não perceber o dano emocional ou físico que está sendo feito.”
A capacidade de detectar o ostracismo está gravada em nós – não importa se você está sendo ignorado por um grupo ou uma pessoa que você não suporta, a dor ainda é registrada.
O tratamento do silêncio, mesmo que por um tempo pequeno, ativa o córtex cingulado anterior, que é a parte do cérebro que detecta a dor física. A dor inicial é a mesma, independentemente se a exclusão vem de estranhos, amigos íntimos ou inimigos.
É muito comum acontecer quando um parceiro(a), faz um pedido, uma crítica ou queixas e é recebido pelo outro parceiro(a) com silêncio e distância emocional.
Paul Schrodt , PhD, Professor de Estudos da Comunicação, revisou 74 estudos de relacionamento que envolveram mais de 14.000 participantes. As descobertas de sua análise foram profundas e revelaram que o tratamento do silêncio é “tremendamente” prejudicial para um relacionamento.
Esse tratamento segundo Paul Schrodt, diminui a satisfação no relacionamento para ambos os parceiros, acaba com o sentimento de intimidade e reduz em muito a capacidade de comunicação de uma maneira saudável e significativa.
“É o padrão mais comum de conflito no casamento ou qualquer relacionamento romântico estabelecido e comprometido”, diz Schrodt. “E isso causa um tremendo estrago.”
E esse padrão é muito difícil de quebrar porque os dois parceiros colocam a culpa sempre um no outro. “Os parceiros ficam presos nesse padrão, em grande parte porque cada um vê o outro como a causa desse conflito”, explica Schrodt. “Ambos os parceiros vêem o outro como o problema.”
Um parceiro costuma reclamar que o outro sempre está emocionalmente indisponível, o outro acusará seu parceiro de ser sempre muito exigente ou crítico.
Quando os casais ficam presos nesse padrão de “demanda-retirada”, os danos podem ser tanto emocionais quanto fisiológicos, incluindo ansiedade e agressão, bem como disfunção erétil e problemas urinários e intestinais.
Não importa qual parceiro exige ou qual se silencia, o dano ao relacionamento é o mesmo. É o padrão em si que é o problema, não o parceiro específico.
O tratamento do silêncio não deve ser confundido com tempo para esfriar a cabeça após uma discussão difícil. Williams sugere que, em vez de voltar ao tratamento do silêncio, tente dar um tempo ; “não posso falar com você agora, mas podemos conversar sobre isso mais tarde”.
Ninguém que entra no tratamento do silêncio, espera que isso danifique o seu relacionamento, mas é justamente esse o perigo.
O silêncio pode parecer uma resposta digna e honrosa, mas não é. É uma maneira de infligir dor, mas sem deixar as marcas físicas.
Então fica a dica, não trate os outros com o silêncio!
Texto originalmente publicado no Hey Sigmund, livremente traduzido e adaptado pela equipe da Revista Bem Mais Mulher