Oferecer os conhecimentos do Bahsese, palavra que, na língua tukano, significa “benzimento”, a indígenas e não-indígenas que enfrentem problemas de saúde na região de Manaus. Esse é o objetivo do Barserikowi’i, o primeiro Centro de Medicina Indígena da Amazônia, inaugurado na semana passada.
Kumuã Duhpó Manoel Lima
Idealizado por João Paulo Barreto, doutorando em Antropologia pela Universidade Federal do Amazonas e membro da etnia tukano, o centro será comandado inicialmente por Manoel Lima, da etnia tuyuka, e Ovídio Barreto, também da etnia Tukano. Os dois são Kumuã com décadas de experiência.
Os Kumuã são especialistas indígenas do Alto Rio Negro, que desde o nascimento recebem o poder de cura e de tratamento e passam por rigorosa formação da infância até a juventude. Segundo João Paulo, a ideia não é que os doentes abandonem os possíveis tratamentos alopatas da medicina ocidental, mas que tenham a possibilidade de alternativa.
Conforme ele falou à Agência Brasil, o tratamento é apoiado no Bahsese e nas plantas medicinais. “O modelo é acionado dentro de um elemento, que pode ser água, tabaco, cigarro ou urtiga, no qual o Kumu, ou benzedor, aciona os princípios curativos contidos nos vegetais. Quando ele faz isso, ele não está rezando, mas evocando esses princípios para curar doenças. Por isso, ele tem que dominar o conhecimento de animais e vegetais”, explicou.
João Paulo Barreto e Manoel Lima
Cada consulta no centro será feita mediante cobrança de R$10, e o valor do tratamento dependerá do diagnóstico. Eles podem levar dias, semanas ou até um ano. Além dos atendimentos médicos, o centro também será usado para a realização de cursos e oficinais, que vão da gastronomia à astrologia, além da venda de peças de artesanato de várias etnias.
Fotos: Alberto César Araújo/Amazônia Real