Quer um conselho, garota? Pare de seguir tantos conselhos. Está mais do que na hora de arriscar, nem que seja só por uma vez, fazer aquilo que seu ‘eu interior’ está pedindo.
Você não precisa de tantos ângulos da mesma situação, só esperando o momento certo de te confundir. Você não precisa de alguém te dizendo para usar azul, se você sempre gostou mais do amarelo.
Mesmo que a pessoa insista em dizer que amarelo não fica bem em você. Se você acha que amarelo é a sua cor, então vista amarelo, esqueça logo o azul.
Ah garota, se você soubesse da verdade. As pessoas que nos dão conselhos, são as primeiras a não praticar nenhum deles. Os conselhos servem como uma experiência, em que você lança a sorte e fica olhando de longe, de preferência de um lugar bem seguro, vendo se a sua ‘cobaia‘ vai ter sucesso ao seguir a instrução ao pé da letra.
Se deu certo? Bem, então algum dia, pode ser que o conselheiro opte por seguir seu próprio conselho. Mas se der errado? Bem, então a ingenuidade é sempre sua, em confiar uma decisão que deveria ser só sua, a um terceiro.
Há quem diga que se conselho fosse bom, teria um preço, e não seria nada barato. Pois é garota, ninguém daria conselhos de graça se conselhos resolvessem de fato a vida de alguém.
Não se pode generalizar eu sei, às vezes quando se está completamente perdido, um conselho nos ajuda a encontrar o rumo certo de novo, porém em outras tantas, só nos afasta ainda mais do ponto de chegada.
A verdade é que temos tanto medo de seguir nossa intuição que às vezes até nos esquecemos de que existe também essa opção. O fato de ter sempre alguém por perto, nos dizendo o que fazer, nos torna ensurdecidos àquela velha voz interior.
A pessoa nos diz para ir em frente, e a voz aos berros nos implora para voltar atrás. E quer saber? O conselho sempre acaba vencendo a briga, sem nem ao menos precisar forçar a garganta.
Fique sabendo garota, que quem observa de fora, sempre vê a nossa vida de um ângulo diferente. Com uma bagagem diferente, e é isso que você precisa levar em conta ao receber conselhos.
Não é você em hipótese alguma. Julgando aquela situação, com toda essa gama de alternativas, não é você, nem que o outro se esforce ao máximo para entender o que você está passando. Entender não é o mesmo que estar vivendo de fato.
O conselho não é o norte garota, então conserte logo essa bússola quebrada e pare de seguir sempre para onde ela aponta. Às vezes o conselho é o sul, e você está tão perdida, tão desconectada de você mesma, que nem percebe o quanto está caminhando na direção errada.
Não percebe o quanto está se afastando do norte, sendo que você sempre soube realmente, para que lado deveria seguir desde o princípio.
É, garota. Eu sempre fui do tipo que carregava consigo um portfólio de bons conselhos. Não importava a ocasião, se me perguntassem, ou até mesmo quando ninguém me perguntava coisa alguma, eu mesmo assim sempre tinha algo a dizer.
Desde os mais surrados conselhos à melhor amiga que terminou com o namorado, até os mais delicados àquele colega da classe que perdeu o emprego.
Independente da situação, os conselhos sempre estavam ali. Saíam de mim com uma naturalidade assustadora. E era como se parte de mim não tivesse controle sobre eles. Porém, outras vezes era como se eu sempre estivesse no controle de tudo.
Há quem busque conselhos, assim como também há quem deteste ter alguém opinando sobre o que acontece na sua vida. E isso? Bem, isso é escolha de própria. Não deixe ninguém escolher por você.
Passei a minha vida toda, recebendo uma enxurrada de conselhos, que até esqueci de peneirar todos eles, na tentativa de separar os bons dos ruins. É, garota, os maus conselhos também existem e as pessoas mal intencionadas às vezes estão mais presentes do que a gente consegue imaginar. Ninguém é blindado a ponto de não se deixar acessível aqueles que tem algo a dizer.
O algo a dizer, da mesma maneira que te resgata, às vezes te condena ainda mais. E então, você fica lá, tentando entender qual parte do plano deu errado.
Insistindo em tapar os ouvidos à sua própria intuição, para seguir um conselho que erroneamente te parece ser algo mais concreto, uma ponte mais sólida e segura, para te levar ao outro lado.
Eu caí dessa ponte. Inúmeras vezes que até perdi a conta. E sabe garota, o que eu fiz para acertar meu norte outra vez? Para conseguir chegar finalmente do outro lado? Eu parei de seguir conselhos e comecei a viver por mim mesma. Sim, assumi o risco, botei minha cara a tapa e aceitei meus possíveis erros.
Não importando o quanto eu estaria sujeita a me perder nos atalhos, não importando o tempo que eu levaria para conseguir acertar. Eu decidi só dessa vez, tentar por mim mesma. E foi aí que eu entendi que a essência do conselho não é seguir ao pé da letra o que o outro diz.
Pelo contrário, o conselho é válido para analisar a situação de mais um ângulo, sem cegar os olhos ao que você mesmo vê. É válido para aprender a ouvir a velha voz interior.
É válido para entender que caminho, sempre há mais de um, mas que destino é um só, e que independente de quem te ajude nesse caminho, só quem chega no final é você. Você, sozinho!
Por isso garota, pare de seguir tantos conselhos. Diga um “Olá”, bem baixinho para a sua voz interior e façam as pazes. É hora de viver por você, nada mais justo do que começar ouvindo a parte de você que tem algo a dizer. Ouça com atenção, e… boa sorte!
Ah, e não me leve a mal. Mas, é melhor não levar esse texto como um conselho.
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