No final de 2016, a revista Time informou que a taxa de divórcio havia diminuído “para o seu ponto mais baixo em quase 40 anos” e, melhor ainda, de acordo com os dados coletados pelo National Center for Family and Marriage Research (Centro Nacional de Pesquisa Familiar e Matrimonial), na Universidade Estadual Bowling Green, parece que as taxas de casamento estão em ascensão.
Todas essas as notícias são promissoras. No entanto, muitos casamentos ainda terminam em divórcio – nos EUA, cerca de 50% em números divulgados pelo CDC (sigla em inglês para Centro de Prevenção e Controle de Doenças) –, e ainda há um longo caminho a percorrer.
Então, quando o The Atlantic recentemente publicou uma entrevista com Eli Finkel, que é professor de psicologia social na Northwestern University e autor de The All-or-Nothing Marriage, analisamos se ele poderia esclarecer por que muitos casais não duram “até que a morte os separe”.
Para resumir a teoria de Finkel, tudo se resume a uma palavra: expectativa. Os casais que se casam nos dias de hoje estão procurando o Sr. ou a Srta. Perfeito(a).
Não só pela atração física e emocional, mas também a pressão adicional para se certificar de que eles têm o trabalho certo, o rendimento certo, se ajuda em casa, se é hábil com crianças etc.
Além disso, um cônjuge deve ter a capacidade de fazer com que seu parceiro se sinta satisfeito. Como afirma Finkel, a antiga “expectativa de que vamos adorar e apreciar nosso cônjuge” tornou-se uma “expectativa de que nosso cônjuge nos ajudará a crescer, nos ajudará a nos tornarmos uma versão melhor de nós mesmos, uma versão mais autêntica de nós mesmos”.
Isso deve ser difícil para qualquer casal tentando fazer malabarismos com um emprego, as contas, um lar e filhos.
Finkel diz que não é incomum nos dias de hoje ouvir a queixa: “Ele é um homem maravilhoso e um pai amoroso e eu gosto dele e o respeito, mas me sinto realmente estagnada no relacionamento”. Ele diz que os casais podem reclamar: “Sinto que eu não estou crescendo e não estou disposto(a) a passar os próximos 30 anos em um casamento onde eu me sinto estagnado(a)”.
Honestamente, “um homem maravilhoso e um pai amoroso” deve ser suficiente para fazer qualquer mulher pensar que seu marido é uma joia. No entanto, parece que estamos à procura de um cônjuge para nos completar de uma maneira que não é viável.
Quando assumiremos a responsabilidade pela nossa própria felicidade? É correto confiar unicamente em uma pessoa para nos ajudar a crescer, ou para confirmar tudo o que fazemos?
Finkel faz uma sugestão em relação ao casamento:
Pense sobre o que você está procurando nesse relacionamento e decida: essas expectativas são realistas à luz de quem eu sou, de quem é o meu parceiro, quais são as dinâmicas que temos juntos?
Em caso afirmativo, como vamos conseguir todas essas coisas juntas? Ou, alternativamente, como podemos renunciar a alguns desses papéis que desempenhamos na vida dos outros, e terceirizá-los para, digamos, outro membro da sua rede social?
Finkel resume as conclusões de um estudo realizado por Elaine Cheung na Northwestern University, que descobriu: “Pessoas que têm carteiras sociais mais diversificadas, ou seja, um número maior de pessoas pelas quais elas procuram em diferentes tipos de situações, tendem a ter uma vida de qualidade superior”.
Assim, a responsabilidade de manter um cônjuge emocionalmente satisfeito não sendo mais o fardo total de uma pessoa, haverá menos tensão e exigência dentro do casamento. Com uma vida de qualidade superior, vamos nos sentir mais satisfeitos e, portanto, menos propensos a pensar em separação durante momentos mais estressantes.
Então, é aqui que precisamos olhar. Precisamos encontrar um ombro para chorar, alguém com quem rir e pedir ajuda. Se pensarmos em gerações passadas, quando a maioria das esposas ficava em casa, as mulheres muitas vezes buscavam consolo e companheirismo com seus familiares e vizinhos.
É claro que os tempos mudaram, mas se olhássemos para aqueles que estão em nossa vizinhança ou na comunidade, teríamos o apoio tão necessário para superar a rotina diária e seríamos menos propensos a sentir que nosso cônjuge não é suficiente.