Por Luciane Marangon Della Flora
Viver, de fato, não é algo tão simples. Independe de planejamentos milimétricos, afinal, as surpresas, sejam elas desejáveis ou não, estão logo ali, nos esperando a cada passo que costumamos dar.
Caminhar, sinceramente, nunca foi um aprendizado fácil para crianças pequenas. Desequilíbrios, tropeços, tombos, falta de força nas pequenas pernas e paradas para um bom descanso sempre fizeram parte da vida de cada uma delas.
Quando sentem ter firmeza nos passos e segurança que não irão cair, começam correr. A sensação de liberdade ou a urgência de alcançar aquilo que está logo à frente parece motivar o ir adiante.
Mesmo sem planejamentos, temos urgência em crescer, enfrentando uma fase que pode ser dolorida e envolver recolhimento, seja na adolescência da idade, ou no “adolescer” da vida e dos acontecimentos nem sempre bem vindos.
Quando nos damos conta, os quinze anos já se passaram e a vida adulta está logo ali. Nessa, responsabilidades, dúvidas, alegrias e sofrimentos permearão os dias vividos, de acordo com aquilo que costumamos chamar de escolhas, ou, como alguns preferem chamar, fruto do destino.
Estar destinado a viver é a única e certeira afirmativa durante nossa incansável e improvável jornada.
Depois de tantos anos, de tantos caminhos, parece que, por algumas vezes, o ciclo do aprender a caminhar está definitivamente instaurado, afinal nem tudo é como parece.
Nossos dias não são todos iguais. De repente, falseamos o pé, caímos, paramos e pronto! Tudo irá se modificar. Tal como na infância, teremos que aprender andar novamente e levantar-nos para seguir o caminho.
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É nesse ponto, talvez, que muitos façam de sua vida um verdadeiro desterro. Encaram as problemáticas enfrentadas como o fim de tudo.
Sim! Isso acontece para tantos, a maioria das pessoas, num primeiro instante. Recolher-se em um casulo, silenciar-se em lágrimas, explodir em sentimentos, são algumas das formas de encarar aquilo que muda em nossa vida.
De repente, a vida planejada já está toda bagunçada. Você se dá conta de que aquilo que um dia pensou ser já não é mais. Então, olhar o que se vive passa ser uma tarefa nada fácil.
Depressão, angústia e a tão temida solidão acabam acompanhando muitos durante a resolução dos problemas mais caros dessa vida.
Os dias vão passando, o sol nasce e se põe sem que ao menos percebamos. Entretanto, se quando crianças não ficamos parados no tempo, sem tentar ao menos levantar e dar sequência aos passos, que direito temos de não viver o tempo que nos resta?
Seja muito ou pouco, o certo é que o tempo que virá necessita de nossos passos, sejam eles firmes ou cuidadosos, temos que seguir andando.
Quanto mais andarmos mais próximos estaremos do ainda desconhecido que, literalmente, encanta ou amedronta tantos. Logo ali, bem à frente daquele momento de tristeza, talvez encontre o emprego dos seus sonhos, a paz que tanto almeja e, quem sabe, o amor de sua vida.
Sinceramente, se encontrares o amor de sua vida, independente da fase que esteja vivendo, terá, com certeza, a maior sorte que o destino poderia oferecer a você.
Sem amor, a vida é amarga, o sorriso é dolorido, esticado com vontade de voltar ao ar sério e sem graça dos dias cinzas. Convenhamos, surpresas cinzas não nos agradam! Preferimos as coloridas, as que trazem um ar de afago, proteção e amorosidade aos nossos nada fáceis dias.
Viver e surpreender-se com a vida. Talvez, o espírito do nosso “eu criança” precise surgir constantemente para, verdadeiramente, fazer diferença em nosso caminhar.